sábado, 8 de março de 2008

Indispensável sentimento

Fuja comigo, numa melodia, ao som do jazz que toca sem parar no meu coração, como se eu dançasse o tempo todo e fizesse dessa dança o motivo pra sorrir. Um sorriso breve, de canto, mas intenso, pois vem por você.

Fuja para que o mundo todo não perceba que na verdade eu o induzi, para que não me vejam flutuar indo em sua direção, enquanto você vem em passos largos com o mesmo sorriso que um dia eu vi quando, mesmo sem som, gritou meu nome e eu escutei mesmo assim.

Fuja como se nada o aborrecesse, nem mesmo o céu nublado num dia programado pra ir à praia. Seja assim, como se fosse ensaiado ao meu ritmo de piano, em compasso par, nem lento, nem rápido, de um jeito só seu com um toque meu.

Fuja para que eu possa dizer aos ventos do sul que inverno nenhum me abala, frio nenhum me congela. Você é o conto quente, com final feliz num banho de polpa de cacau, que eu sonhei pra esse teatro da vida.

Fuja e não diga nada no caminho e na noite apenas pense que logo estará aqui, para colocar mais cores ao meu filme que antes era cinza. Pequenos traços de lágrimas, faziam parte do que eu era e tinha, corriam em todos os sentidos, menos àquele que você fez, com pedrinhas coloridas, trazendo o lilás pra essa nova perspectiva.

Fuja e verá que antes eu era a menina com uma pétala e hoje tenho todas unidas, no mesmo miolo amarelo que você trouxe junto com sua felicidade cautelosa, a qual esbarrou em mim num degrau por aí. E eu, ao olhar pra cima, abri aquele sorriso de antes, da menina sem pétala nenhuma procurando apenas uma. Que ambição ridícula ela possuia, não?

Fuja como se voltasse sempre pra mim, pra me fazer feliz com seu encostar do rosto no meu, deixando-me, assim, meio vesguinha, olhando você de perto, como se encostasse num espelho feito somente de alma.

Fuja para sermos nós mesmos, sem pressa, nas ruas, na lua, nas minuciosidades que nos faz apenas ser.