domingo, 24 de agosto de 2008

Não é de agora.

Nada do que mudou tem algum jeito de voltar a ser de novo, agora. Nenhuma das palavras que eu não disse, vão passar a ter valor como um passe de mágica de novo, agora. As festas que eu não fui, as roupas que eu não vesti, as pessoas que eu não conheci ou deixei de encontrar. A vida está assim e agora é de agora pra frente. Mas o fato é que o passado ficou, e quem vai comigo pro futuro eu já decidi.

segunda-feira, 18 de agosto de 2008

Ciranda.

Eu me perdi de você naquele dia. Os seus olhos marejaram de novo e, de novo, a culpa era minha. Nossas madrugadas faziam barulho, mas agora era de tristeza. Eu me escondi de você naquele choro. Tantas coisas que eu queria dizer, mas só conseguia dizer besteiras. Não disse que eu amava as suas sardinhas, que não vivia mais sem suas risadas, que daria a minha vida pelo peso do seu corpo no meu, ou só pra poder encostrar pra sempre a cabeça no seu peito até eu conseguir dormir.Aquela noite a gente se perdeu e a culpa foi minha. Minha porque eu fugi de muita coisa e, chegando aqui, continuei meio perdida. Só que no final de todo pranto, você me dá um abraço. E eu reluto porque preciso chorar minhas lágrimas, mas acabo cedendo porque preciso mais ainda abraçar você. Naquele dia você me encontrou de novo. E encontrou em mim tantas coisas que eu tinha esquecido que existem porque fiquei com medo, de novo, de ser feliz. Na verdade eu vou continuar fugindo e você sabe. Eu vou correr pra todos os lados como uma borboleta que procura desesperada a luz, mas aí vou me dar conta que nossa vida é redonda e, aconteça o que acontecer, é você quem vai estar sempre no centro de tudo. E eu, finalmente então, não vou voltar pra você porque, afinal de contas, eu jamais fui à lugar algum.

segunda-feira, 11 de agosto de 2008

Sem mais carneirinhos.

A verdade é que a solidão transformou tudo o que havia em volta dela e já não se achava a razão para ali estar à não se sabe o que fazer. A verdade é que as horas passavam erradas, ela estava no lugar errado, longe da verdade, longe da certeza, com muito mais medo do escuro do que costumava ter. Mas pensava que se talvez conseguisse fechar os olhos com mais força, as horas correriam mais rápidas, a espera seria menos dura e os demônios da sua cabeça iriam embora. A verdade é que de tanto tentar, adormecia.

domingo, 10 de agosto de 2008

Seu horizonte acaba logo ali, no horizonte.

Eu não vou perder meu tempo com você. Pra que te mostrar o que há aqui dentro, te contar meus medos e te cantar minha poesia, se você já me disse seguidas vezes que não acredita em sonhos? Me diz se vale mesmo à pena eu me perder em alguém que só crê no sol enquanto está quente, e que só enxerga a lua numa noite estrelada. Você pode ter tudo o que você quer, e eu sei. Mas isso é só porque o seu universo é muito limitado. E eu não tenho nada mesmo, mas é porque os meus sonhos vão muito além do que você jamais conseguiria. E eu tinha razão: você não vale à pena.

quinta-feira, 7 de agosto de 2008

Mentira.

Na verdade, não importa o que todo mundo sabe. Há vestígios e conversas, mas muito poucas provas por aí do que existe dentro de mim. Se estiver sol, talvez aqui seja tempestade sem ninguém saber. Ou talvez seja óbvio, seja tolo e até bonito mas ninguém vai poder contar. Na verdade, mostrar é fácil porque sorrir sem vontade não custa muito. E o que importa é manter o choro guardado, mesmo quando ele dói de verdade.

terça-feira, 5 de agosto de 2008

Passa

Naquela noite eu rezei aquilo que eu sabia inventar, mas esqueci de pedir pro medo ir embora, pra essa vontade de angústia passar. Não vejo nuvens, não vejo casas, não vejo nada. A espera cansa e a ilusão me dá enjôo, está tão frio lá fora. Cessa chuva, espera um pouco mais pra pingar. Fecho os olhos e descanso quase sem remédio. Passa noite. Passa.

domingo, 3 de agosto de 2008

Eu escutei atrás da [sua] porta.

Se você me disser que é mentira eu não vou questionar nada. Aqui dentro dessa cabeça existe só um peito, nenhum raciocínio ou cosia parecida. As preces que você faz baixinho e não me conta, o meu coração escuta. Ele entende os medos que você omite e esconde embaixo da sua cara serena que engana todo mundo. E quando você chora, ele bate mais devagar, cansado. Inda mais porque seu pranto não tem lágrimas, você não deixa resquícios e nem memórias da tristeza e a gente - eu e ele - precisa fazer força pra enxergar. A verdade é que seu choro não é sozinho, como assim também não é você. E enquanto a razão te atormenta e te deixa sem saída, eu faço a minha parte no amor, e derramo as lágrimas pra você.