domingo, 30 de novembro de 2008

A caixa.

Eu cheguei em casa e nada estava no lugar. Eu poderia ter te escrito uma carta, mas do que adiantaria? As palavras não iam jamais ter a força da minha raiva e ia morrer ali de qualquer forma. Melhor deitar no chão esperando a chuva passar. Molhar a alma mesmo que seja com o que vem de dentro. E respirar. Há caminhos que não se enxerga no meio do tumulto, e a sua presença tinha mesmo feito uma imensa bagunça em mim naquele dia chuvoso.

terça-feira, 25 de novembro de 2008

Vire à direita. Se perca na esquerda.

Em volta de mim é caos. O som da rua se mistura com a música do rádio e eu abaixo o volume porque não consigo diminuir meu coração. A chuva briga com a minha memória que grita as memórias suas, e eu sinto tanto ciúme. Às vezes eu queria só ter sido parte de tudo aquilo porque, se eu fosse, talvez agora eu entenderia melhor. A sua voz se confunde com o que você me disse e eu fecho os olhos porque também não tenho como fazer isso com o coração. O coração burro. O coração que repete. O coração que não esquece nunca. E que, assim bagunçado mesmo, te ama tanto.É tão melhor quando faz sol.

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Fim.

Hoje eu queria uma rua imensa pra eu correr todo o meu martírio numa direção incerta, mas a minha viela só chega até você. E acaba.

domingo, 16 de novembro de 2008

Ninguém te ouviu.

Não há um porquê pra tudo e eu aceitei essa verdade desde o princípio, mesmo quando tinha alguma dúvida. As horas passam e a vida caminha mostrando pra gente que aquilo não era o fim do mundo, o fim dos tempos e que o céu vai aparecer de novo, não hoje talvez, mas vai. Mas acontece que tanta coisa muda e não volta mais. Aquela sensação de quando o mundo fica tão pequeno que cabe na sua falta de ar, quando você se sente tão sozinho que não enxerga nada ao seu redor, quando um turbilhão de coisas passa pela sua cabeça e a sua loucura é tão lúcida que os seus pensamentos se embaralham, se atrapalham e se atropelam, e você não dá conta de [se] explicar nada. O mundo continua sempre apesar de todos os dramas de todas as pessoas dentro de todos os quartos escondidos por aí. A vida vai em frente, o dia começa de novo e nada de extraordinário acontece pra mostrar que mais alguém sofreu. Mas a pessoa, - eu, você e o nós, formado de todas as outras - essa depois de cada madrugada, jamais será a mesma.

sexta-feira, 14 de novembro de 2008

Eu não posso perder.

Repare. O que está ao seu redor está lá porque você conquistou. O meu beijo pode parecer pausado e eu sei que os meus olhos às vezes custam a fechar. Mas acontece que eu preciso olhar direito pros detalhes, preciso perceber em você as coisas que eu ainda não sei. Você tem tantas coisas pra se descobrir. O meu mundo era tão sem graça antes disso tudo que era fácil não chorar todo dia, como eu faço agora e você reprime. Mas é engraçado porque parece que agora meus olhos estão sempre tão abertos, tão atentos e captando tudo. Vai ver é por isso que tantas lágrimas caem. Se eu te perdesse antes, sem ver nada, eu juro que tanto faria. Mas, por favor, repare: tudo aquilo que eu tenho em volta de mim, agora, faz parte de você.

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Será que tem sol lá fora?

Um minuto era tudo o que eu precisava. Pra te amar ou pra odiar, era o que me bastaria. Não pra sempre, é claro, pois assim é muito tempo e eu não sou chegada à definitivismos, eu tenho tanto medo deles.Sabe? Hoje de manhã eu acordei com um medo de o mundo me devorar com suas loucuras e eu não saber mais voltar pra minha casa dentro de mim. Tem dias que as manhãs são mesmo assim. Aquele emaranhado de sensações ruins dentro do meu peito e nenhuma ponta visível pra começar a desfazer o nó.Tudo parece certo pra quem vê de longe, eu sei. Mas do que me importa uma vida colorida que só os outros vêem? Se quem sente o sabor não sou eu, quem enxerga o bonito é quem não tem nada a ver com isso. Se é pra rirem da minha vida seria bom que alguém, ao menos, me convidasse.Mas já faz um minuto inteiro. O meu despertador já tocou trinta vezes, a cada dois segundos. E eu juro que não te odeio, mas sei que poderia te amar muito mais.

terça-feira, 11 de novembro de 2008

Nota. [note]

Um milhão de frases eu te escrevi. Um milhão em seqüência, procurando as palavras exatas pra te fazer derrubar apenas uma lágrima e não mais que isso, porque aquela lágrima havia de ser de felicidade. Eu escrevi todo dia, toda hora, procurando a rima exata que fizesse o caminho certo pro seu coração. Mudei a cor da caneta, troquei o tipo do papel. Eu te escrevi em todas as línguas que eu sabia, e até nas que eu não entendia eu inventei.Escrevi tanto que minhas mãos adormeceram, meus olhos lacrimejaram de cansaço. Escrevi tanto que as palavras, no final, já se confundiam, a minha redundância era incrível e colorida, disposta em vinte tipos diferentes de papel.Escrevi tanto e, tanto, me perdi na minha própria poesia que acabei esquecendo: a sua vida mudou tanto e eu não me lembro de você ter anotado pra mim, nem que fosse à lápis em um papel de pão o seu novo endereço.

domingo, 9 de novembro de 2008

Só.

Afinal, de qual lado você está? Porque quando você fala eu ouço um monte de sons soltos, mas não enxergo nada nos seus olhos. Suas palavras são vazias e eu perdi a vontade, bem agora, de compreender o que você quer de mim. Não tenho coragem de caber nos seus braços porque, é verdade, eles ficaram fechados por muito tempo.Mas na verdade eu já sei (inclusive que você sabe) que o fim às vezes acontece lá no meio do caminho. O que falta é coragem de dizer.Não me diga nada vazio.